Não estou bem para escrever um texto...
Ontem foi um dia complicado para ser vivido...
Mas é a vida...
Como diz uma canção do Ira!...
Me perdi no seu caminhoAssim seguimos...
Me encontrei falando sozinho
Sigo sempre sem destino
Pra te encontrar
Pra conversar
Te convencer
Te confessar
Quero só você
Ontem pude conversar rapidamente com um amigo que andava meio afastado...
Um cara muito gente boa, cabeça bacana, mas que por devaneios do destino sumiu...
Eu entendo o lado dele...
Acho que acabamos criando um círculo quando começamos um relacionamento...
Um círculo bem pequeno... Por vezes até de lugares...
Isso é complicado... Pq o meio termo é muito importante...
Claro que os momentos devem existir...
Mas é da natureza humana a união...
Não somos solitários... Aprendemos a viver em comunhão...
Seja entre duas pessoas, seja entre várias pessoas...
E antes que pensem errado, não estou me referindo a surubadas...
Eu, por exemplo, costumo falar que tenho um círculo de amizades muito restrito...
E de fato ele é...
Quando você para pra pensar em quantos amigos estão ao seu lado atualmente, é comum ignorar isso e pensar que se trata de uma viagem alucinada...
Mas não é...
Eu tenho vários conhecidos... muitos até...
Amigos que passaram... que volta e meia acabo encontrando e rola aquele papo agradável...
Mas o hoje é restrito... É reduzido...
E normalmente quando me envolvo emocionalmente com uma guria...
Acabo sim me afastando dos meus amigos...
Certo??? Errado???
Não sei...
Eu tenho essa capacidade incrível de entrega, dedicação às coisas, trabalhos, pessoas...
Tudo tem que ser intenso e único...
Certo??? Errado???
Não sei...
Tento não ser assim...
Juro que tento...
Os que me conhecem sabem bem disso...
Mas por vezes eu faço coisas que ninguém entende...
Dedico meu tempo a pessoas que não merecem...
Fico a fazer coisas sem futuro...
Certo??? Errado???
Não sei...
Uma vez escutei uma pessoa falando que talvez seja da natureza de cada um...
Ter um hábito...
Uma característica...
Tem pessoas que precisam estar acompanhadas...
Sofrem quando estão só e precisam de um namoro ou casamento...
Quem sabe...
Fica pra reflexão um texto que adaptei de Marina Colassanti...
Eu sei que a gente se acostuma, mas não devia....Um grande abraço a todos e um ótimo dia...
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e casas muradas e a não ter outra vista que não as janelas e muros ao redor...
E, como não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora...
Sem olhar para fora, desconhece os vizinhos...
E, por não olhar para fora, logo se acostuma a esquecer do mundo lá fora...
E, a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão...
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora...
A tomar café correndo porque está atrasado...
A sequer ler o jornal porque não pode perder o tempo de viagem...
A comer rápido pois não dá para almoçar com calma...
A sair do trabalho porque já é noite...
A ficar com o corpo dolorido porque está cansado...
A deitar tarde pois tentamos recuperar o dia com o resto da noite...
A dormir pesado sem ter vivido o dia...
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a violência...
E, aceitando a violência, aceita os mortos e feridos...
Pior, aceita que haja números e estatísticas!!!
E, aceitando os números, aceita não acreditar que exista solução...
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: "hoje não dá, estou ocupado"...
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta...
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto!!!
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar...
E a ganhar menos do que precisa...
E a fazer fila para pagar...
E a pagar mais do que as coisas valem...
E a saber que cada vez pagará mais...
E a procurar mais trabalho para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra e que se compra...
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes...
A abrir as revistas e ver anúncios...
A ligar a televisão e assistir comerciais...
A ir ao cinema e engolir publicidade...
A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na imensidão dos produtos.
A gente se acostuma à poluição.
À luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
À contaminação da água do mar, dos rios, dos igarapés...
À lenta morte dos rios.
Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter galo de madrugada...
A temer a ausência dos cães...
A não colher fruta do pé, a achar que aquela planta em casa é sua boa ação para combater o fim das florestas...
A gente se acostuma a coisas para não sofrer...
Em doses pequenas tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui...
Um ressentimento ali...
Uma revolta acolá...
Para enfim dormir em paz...
Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço...
Se a praia está contaminada, a gente molha os pés e sua no resto do corpo...
Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana...
E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre o sono atrasado...
A gente se acostuma a não ralar na aspereza, a preservar a pele...
Se acostuma a evitar feridas, sofrimento físico ou emocional...
A gente se acostuma a poupar a vida, que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde em si mesma...
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